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Defensores das urnas eletrônicas recorrem ao papel: PT volta ao voto analógico

  • Redação
  • há 1 dia
  • 2 min de leitura

O Partido dos Trabalhadores, conhecido por defender com unhas e dentes a infalibilidade das urnas eletrônicas nas eleições nacionais, decidiu recorrer ao voto em papel para escolher sua nova direção nacional em 6 de julho. A justificativa? O partido de Lula não conseguiu garantir o empréstimo das urnas em 11 estados — e agora vai de forma “analógica”.


A decisão foi oficializada pela Executiva Nacional do partido nesta quarta-feira (21), após o fracasso da tentativa de obter os equipamentos junto à Justiça Eleitoral. Apenas 16 estados aceitaram ceder as urnas; nos demais, os Tribunais Regionais Eleitorais alegaram insegurança e problemas logísticos — ironicamente, os mesmos argumentos frequentemente ridicularizados pelos petistas quando usados por seus opositores.


Em março, lideranças do PT apelaram diretamente à presidente do TSE, ministra Cármen úcia, para tentar garantir o apoio da Justiça Eleitoral. A ministra, por sua vez, lembrou que a decisão cabe aos TREs de cada estado. Dos 11 estados que ficaram de fora, 4 já haviam negado formalmente (Alagoas, Espírito Santo, Minas Gerais e Pernambuco), enquanto os outros 7 ainda estavam em negociação.


Diante do impasse, o partido optou por realizar o Processo de Eleição Direta (PED) por meio de cédulas de papel, produzidas pelo próprio PT. A contagem dos votos será manual — o que, se fosse em outro contexto, certamente levantaria sérias acusações de "ameaça à democracia", mas como se trata de uma eleição interna do partido, aparentemente tudo bem.


O processo deverá envolver cerca de 3 milhões de filiados, segundo estimativas do próprio PT. Estão aptos a votar apenas os que se filiaram até 28 de fevereiro. O partido retoma agora, depois de 12 anos, o modelo antigo de eleição direta com os filiados indo às urnas — de papel.


O nome mais cotado para assumir a presidência da legenda é o do ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, um nome historicamente ligado ao lulismo e à corrente CNB (Construindo um Novo Brasil), que domina o partido há décadas. Edinho conta com o apoio explícito do presidente Lula. Outros quatro candidatos também concorrem, mas são considerados de correntes minoritárias.


Curiosamente, nas últimas eleições internas (2017 e 2019), a atual ministra Gleisi Hoffmann foi eleita por meio de votação híbrida — com urnas eletrônicas em boa parte dos estados. Em 2025, a legenda que tanto ataca quem questiona o sistema eleitoral eletrônico opta pelo bom e velho papel. Parece que, na prática, o discurso do PT sobre “confiança total na urna eletrônica” tem seus limites — especialmente quando o benefício próprio está em jogo.

 
 
 

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