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Telebras admite 'pedalada' e prevê rombo de mais R$ 184 milhões

  • Editor
  • 5 de nov. de 2024
  • 2 min de leitura

Após a reportagem, parlamentares do partido Novo — oposição ao governo Lula (PT) — pediram apuração do tribunal de contas.


A estatal Telebras admitiu ao TCU (Tribunal de Contas da União) ter feito a "pedalada fiscal" milionária revelada pelo UOL.


Em documento obtido pela reportagem, a empresa pública afirmou que o rombo em 2025 — estimado em R$ 184 milhões — pode superar o dobro em relação a este ano.


Após a reportagem, parlamentares do partido Novo — oposição ao governo Lula (PT) — pediram apuração do tribunal de contas. O ministro Antonio Anastasia, relator do processo, cobrou a Telebras e o Ministério das Comunicações — pasta responsável por supervisionar as atividades da estatal.


Na resposta ao TCU, a Telebras confirmou ter usado uma ferramenta orçamentária denominada DEA (Despesas de Exercícios Anteriores) para rolar compromissos de 2023 para o orçamento deste ano. O TCU considera esse tipo de procedimento irregular.


A DEA é um instrumento legítimo, mas só deve ser usado em casos excepcionais, delimitados em lei — diferentemente do uso feito pela estatal. Fora das regras, pode:


  • Aumentar artificialmente o orçamento de um órgão;


  • Acumular dívidas para a União;


  • Distorcer resultados fiscais;


  • Consumir recursos dos anos seguintes, impactando negativamente o planejamento do governo


A estatal está sob influência do senador Davi Alcolumbre (União-AP). O parlamentar trocou toda a diretoria e abrigou aliados na companhia.


À reportagem, a Telebras afirmou que vai se manifestar no processo do TCU.


"Partes interessadas" foram avisadas

Ao TCU, a Telebras declarou ter informado a "todas as partes interessadas" sobre o uso da DEA, mas não mencionou quais foram esses órgãos ou ministérios.


Dois ofícios de fevereiro de 2024, obtidos pelo UOL, indicam que a Telebras relatou ao Ministério das Comunicações "um saldo" de R$ 80 milhões em DEA para este ano.


A pasta comandada por Juscelino Filho disse ao TCU ter feito "reuniões ministeriais em articulação com os órgãos.


A pasta citou duas reuniões ocorridas neste ano sobre a questão:


em 19 de março, com os ministros Fernando Haddad, da Fazenda, e Juscelino Filho, das Comunicações, integrantes das pastas e um representante da Receita;


em 9 de abril, com os mesmos ministros, seus assessores e o presidente da Telebras, Frederico de Siqueira.


A Fazenda disse à reportagem que "não tem competência para administrar questões orçamentárias, operacionais e administrativas de outros ministérios ou de empresas estatais".


Pedalada foi "inevitável", diz Telebras


A Telebras é uma estatal dependente do governo. Recebe aportes de recursos públicos e precisa manter as despesas dentro do limite orçamentário estipulado para ela.


Em agosto, o presidente Lula (PT) declarou querer "recuperar" a estatal após retirá-la do rol de privatizações. Mas os recursos autorizados para a empresa diminuíram em sua gestão.


A Telebras relatou ao TCU ter enviado sete solicitações aos ministérios das Comunicações e do Planejamento e ao Senado, em 2023, para aumentar o orçamento da empresa — três foram negados, e quatro, não respondidos. A destinação de verba para cada setor é uma decisão técnica e política.


Sem os recursos, a Telebras disse que usar a ferramenta DEA foi "inevitável". De acordo com a estatal, os valores solicitados garantiriam "a continuidade dos serviços aos clientes" e "políticas públicas de conectividade.

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