Volkswagen, Toyota, General Motors e Stellantis avisam Lula que vão demitir se vier pacote pró-China
- Redação
- há 3 dias
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As quatro maiores fabricantes de veículos que atuam no Brasil — Volkswagen, Toyota, Stellantis e General Motors — emitiram um forte alerta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o risco de desindustrialização do setor automotivo nacional. Em carta conjunta, os executivos criticam duramente a proposta da Casa Civil, sob liderança do ministro Rui Costa (PT), que prevê incentivos ao regime SKD (Semi Knocked Down), sistema que favorece a importação de veículos praticamente prontos para montagem local com pouco aproveitamento de fornecedores brasileiros.
Segundo as montadoras, o pacote de benefícios pode desencadear a perda imediata de até R$ 60 bilhões em investimentos já previstos, impedir a contratação de 10 mil novos trabalhadores e gerar a demissão de até 5 mil profissionais já empregados nas fábricas. O impacto, no entanto, vai além: estima-se que cada vaga encerrada nas montadoras possa resultar no fechamento de até dez outros postos na cadeia de suprimentos, o que significaria a eliminação de até 50 mil empregos no total.
Assinam o documento Ciro Possobom (Volkswagen), Evandro Maggio (Toyota), Emanuele Cappellano (Stellantis) e Santiago Chamorro (GM). Para eles, o modelo SKD — que tende a beneficiar principalmente fabricantes chinesas, como a BYD, com operação na Bahia — ameaça toda a estrutura de engenharia e autopeças brasileira. A carta também foi encaminhada ao vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), atual ministro da Indústria.
Entidades do setor de peças, como Abipeças e Sindipeças, reforçaram a crítica em outro comunicado enviado no dia 28 de julho. Para elas, a redução de tarifas de importação para kits SKD e CKD (veículos totalmente desmontados) representa uma “renúncia fiscal injustificada” e cria uma concorrência desleal com a indústria nacional.
As montadoras afirmam que o incentivo à importação semi-pronta de veículos enfraquece a indústria local, reduz geração de empregos qualificados e esvazia o conteúdo nacional dos automóveis produzidos no país. A proposta ainda será analisada pelo Gecex-Camex (Comitê Executivo da Câmara de Comércio Exterior) em reunião extraordinária hoje, dia 30 de julho.
Caso o plano seja implementado, as empresas alertam que os R$ 180 bilhões prometidos em investimentos para os próximos cinco anos — R$ 130 bilhões para produção e R$ 50 bilhões para a cadeia de autopeças — correm risco de serem revistos ou cancelados.
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